por Priscilla Santos
A concretude do Elevado Presidente Costa e Silva, vulgo Minhocão, um extenso viaduto que corta o centro da cidade de São Paulo, foi interrompida por um protesto verde e silencioso. Cada uma das 2183 mudas de árvores nativas da mata atlântica dispostas sobre a via (foto) naquele domingo cinza de agosto representou uma vítima de um homicídio ocorrido no estado de São Paulo ao longo do primeiro semestre de 2008. Os exemplares de ipê-roxo, jatobá e cerejado-rio, entre outros, posteriormente foram plantados em um recanto do Parque Anhangüera, no extremo oeste da cidade. Tornaram-se, assim, as primeiras árvores do Bosque dos Direitos Humanos, que deve ser entregue no dia 10 de dezembro, quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 60 anos. “Existem tremendas feridas e insufi ciências em termos de direitos humanos, mas o que queremos com o bosque é que ele inspire as pessoas rumo a uma luta ascendente”, diz José Gregori, presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, uma das entidades responsáveis pelo projeto. O bosque foi construído e será mantido com o apoio de pessoas que estão cumprindo penas alternativas, por delitos que não envolvem agressão corporal, com horas de trabalhos comunitários. Os 30 artigos da Declaração estarão espalhados pelos 15 “espaços de estar”. Com bancos rústicos de madeira, são lugares para descansar, contemplar e refl etir sobre como atitudes como a criação desse bosque é que deixam o mundo menos duro.
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